"Irmãos, não creio que possa alegar ignorância um homem ao qual são demonstradas tantas vias pelas quais pode chegar ao conhecimento da verdade".
– Hugo de São Vítor, A Instrução dos Principiantes
Embora a relutância do senhor Yuri Maria tenha retardado a publicação de um artigo oficial a respeito das questões em torno da famosa oração de Fátima, foi justificada, todavia, pela proporção que tomara o artigo — ao início deste mês — para além dos limites da Terra de Santa Cruz.
É verdade que para muitos dos católicos da tradição — sobretudo àqueles que deixaram as paróquias e os amigos para manterem-se assim fiéis a ela — o assunto não é novidade; mas acontece que numa época onde quem diz que “não importa se você é muçulmano, judeu ou cristão, basta rezar o Rosário” é tido por guru e representa a quintessência do catolicismo tradicional (trata-se de Olavo de Carvalho, evidentemente), o assunto converte-se em verdadeiro escândalo.
Dentro das questões que tocam as aparições em Fátima, cumpre destacar que uma versão falsa da oração recomendada é apenas um dos elementos ao lado de iguais controvérsias, dentre as quais, talvez a mais chocante, uma possível substituição da Irmã Lúcia (uma das videntes na ocasião das aparições) por uma impostora. Sobre os assuntos, há já quem os trate com excelência dentro e fora do Brasil; aqui, nossas pretensões não vão muito além de um comentário. Aos homens — criaturas racionais — que professam a fé católica, é absolutamente necessário que o culto divino siga certas regras em que a oração deve anunciar o que se crê (Lex Orandi, Lex Credendi). Ora, ao aplicar a dita regra à oração primeira recomendada por Nossa Senhora, é muito evidente que ali há doutrinas essencialmente católicas — a crença no Inferno e no Purgatória e, portanto, na doutrina de que há condenados ao Inferno e santos no Céu. O que nos mostra o texto do sr. Yuri é precisamente que a exclusão posterior desses elementos ortodoxos é coisa feita de caso pensado; que inimigos declarados da Igreja não pouparam forças para que as questões relacionadas às aparições de Nossa Senhora, e mesmo a própria aparição, fossem mobilizadas e condicionadas para o enfraquecimento da fé. O artigo, traduzido agora para o Inglês, não deixa margem alguma para as consciências timoratas: ou o fiel reza a oração recomendada e aprovada pela autoridade eclesiástica, ou reza a oração forjada no crisol daqueles que juraram destruir essa mesma fé que fingem defender. É um caso de consciência mui fácil de se resolver, pois aqueles que não temeram nem mesmo o desprezo dos hereges e cismáticos, decerto não devem hesitar em ceder à verdade tão logo se lhes apresente, ainda que custe caro. Vamos lá! Então, parece-nos que foi principalmente este o papel do artigo que agora comentamos: despertar, na consciência dos fiéis, essa certa desconfiança que se deve ter em relação à terceira versão da oração mencionada, isso por causa das circunstâncias da época, em que o modernismo já se alastrava, e por causa das evidências que há das más intenções dos agentes modernistas. “[…] o machado já está posto à raiz das árvores” (Lucas 3,9).
Outra coisa que igualmente nos tem chamado a atenção é que os estudiosos do site Sister Lucy Truth estão fazendo um serviço, digamos, quase arqueológico. O artigo do sr. Yuri não fizera nem um mês de publicação e já fora notado. Eles realmente estão pesquisando profundamente, e graças ao semelhante zelo do sr. Yuri, puderam encontrar uma pedra preciosíssima, porque as coisas sempre convergem para o bem daqueles que amam a verdade. É também em razão disso que expressamos o nosso apoio à causa do sr. Yuri e dos seus, pela defesa da fé católica e pela preservação desse tesouro, que são as doutrinas, mantido incólume por toda a história da Igreja. Por fim, recomendamos a todos aqueles que ainda não o fizeram, a lerem o artigo no site Totalista.net, e, se puderem, não restringirem-se a somente essa leitura, senão também lerem os outros artigos publicados. É essencial que cada um use daquelas graças e habilidades que lhes fora concedida por Deus, pois embora nem todos recebam as mesmas graças, Ele dispõe de bom grado tanto quanto cada um necessita para a própria edificação. Rezemos, pois, a oração recomendada e aprovada pela Igreja:
“Ó meu Jesus perdoai-nos, livrai-nos do fogo do Inferno, aliviai as almas do Purgatório, principalmente as mais abandonadas”.
Por: G. Henrique S. de Morais.
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